sábado, 3 de dezembro de 2011

Tudo errado

O ano de 2011 foi uma montanha russa. Começamos a temporada com grande expectativa, visto que o ano anterior foi de grande progresso pro clube, apesar de ainda ter ficado muito aquém da grandeza que um dia tivemos. A decepção veio em dobro, com a eliminação ridícula na Copa do Brasil, e a incompetência de não ter chegado nem numa final de turno do Carioca. Aos poucos, vinham à tona os vários erros - ou seria a ausência total? - de planejamento.

Às pressas, montamos um elenco novo. A torcida, naturalmente desacreditada e temendo uma nova briga contra o rebaixamento, se empolgou quando as peças se encaixaram. O time brilhou em boa parte do primeiro turno do campeonato brasileiro. Chegou a ser apontado como o melhor futebol do país: alegre, envolvente, objetivo e eficiente. Os torcedores se empolgaram e, junto com o time, chegaram ao ápice na partida contra o Ceará. Show no campo com os 4 a 0 e na arquibancada com a lotação máxima. Um inesquecível sete de setembro.

Dali pra frente, muita coisa mudou. O time, inexplicavelmente, parou. Ouvi boatos internos que, enquanto não confirmados, prefiro não comentar. Jogadores são frequentemente vistos em bares, boates, noitadas. Ninguém quer saber de bola. Principais nomes do time e do campeonato no primeiro turno, Cortês, Elkeson, Mattos e outros sumiram na segunda metade. Aliás, sumiram não, eram notados a cada péssima exibição. É impossível o time ter uma queda vertiginosa dessas e todo mundo achar normal - e ainda por cima, demitindo técnico faltando três jogos pro fim.



Hoje, 03/12, eu poderia estar uma pilha de nervos. Poderia estar muito ansioso, sem conseguir dormir, com tudo pronto pra ir ao Engenhão amanhã, com a possibilidade de comemorar um título brasileiro. Sim, eu, você, todos nós imaginamos esse momento por muitas rodadas. Mantendo o lado racional ativo, ainda fiz contas visando apenas a vaga na Libertadores. Nem isso. Precisamos vencer o nosso jogo e ainda torcer por imensa combinação de resultados. Quase um milagre. Mas existe milagre maior do que esse time jogar com vontade de vencer e ser grande?

Muitos botafoguenses estão cansados. Eu também estou. Cansado de acreditar, de sonhar e de não ver resultado algum. Mas não estamos errados. Não é a torcida que tem culpa por sonhar e acreditar sempre; esse é nosso destino e nossa capacidade enquanto torcedor. Errado está o clube, que se apequena, despreza seus torcedores e passa longe de grandes conquistas. Longe porque se apequena, porque permite ser chacota diante dos rivais - digo, "co-irmãos". Co-irmãos esses que, amanhã, jogarão no nosso estádio. Será nosso mesmo? Nem mando de campo conseguimos exercer.

Já ouvimos muitas promessas que acabaram não se realizando. Só que agora essas falsas promessas foram reeleitas por mais três anos. Não digo que a oposição seria a salvação, pois confio neles tanto quanto confio na atual cúpula de dirigentes. A verdade é que não vejo saída, tampouco explicações pra sequência de vexames, de 'quases', de campanhas realmente inexplicáveis. Meu coração não está preparado pra mais três anos de André Silva, Anderson Barros e Alessandro. Pois alguém duvido que esse pseudolateral terá seu contrato renovado?

Pra 2012, o 'salvador da pátria' já parece ter sido escolhido: Oswaldo de Oliveira. Pensando bem, ele até combina com o panorama atual do clube: um passado brilhante e muito vitorioso; na campanha recente, muitos fracassos; o futuro, uma incógnita. Desculpem-me, mas eu não caio mais nessa. Já sofri demais. É claro que essa Estrela que nasceu comigo aqui no peito vai sempre existir. Mas a cada ano que passa, pisa e cospe em nossas tradições, o seu brilho fica mais ofuscado. E aí, Botafogo, tem ou não tem que ter paixão?

Apaixonar-se sozinho não adianta, só faz sofrer. A torcida alvinegra aguarda reciprocidade.

5 comentários:

  1. To nem aí pra este marketing que sempre foi furado de "tem que ter paixão",é como se a pessoa fosse duvidar de sua amizade que tem ou pelo o quanto q vc gosta dela e sobre esta do time a mesma coisa ou até a comparação desta frase infeliz do marketing do Botafogo é aquela da pessoa que namora contigo diz que gosta de vc e daqui a 5 minutos tá lá com outro no bem bom pra não falar pornografia aqui!hehehe
    Era pra eu estar tb agoniado e nervoso..mas também ando triste e duvido que se encontre alguém feliz ou em expectativa de algo.
    Fiquei pensando em algo que(não acredito que aconteça)..mas pode acontecer e ver gente falando de uma hora de outra que o elenco é bom,que jogador que era criticado tinha que ficar e que a diretoria é maravilhosa e muito mais.Pior que uma vitória acabará tapando tudo que ocorreu nestes dias,este é o problema do problema!Embora o vencer de amanhã seria aliviar um pouco as dores que nós botafoguenses andamos sentindo.
    Gostei do Oswaldo de Oliveira,mas ao mesmo tempo comprova o quanto não temos diretoria e que ela só é boa de garganta,porque de fazer é pior que aqueles caras que falam que vão fazer acontecer e no final brocham.Gosto do Oswaldo de Oliveira,até já dei de cara com ele e ele é gente boa!
    Quero o meu Fogão de volta!aliás quem não quer né?
    E andei pensando..na época que criticava eu o Herrera quando ele fazia seus gols no carioca e quando eu criticava a zaga...eu era mal compreendido e ficava a ser persona non grata por aí e hj..os mesmos que não compreendem criticam justamente(não é o teu caso)..é dureza hein!
    E o pior vai ser na segunda feira nos prêmios lá do Brasileirão e ainda ver os mesmos que criticam o Cortês torcer pelo o cara como melhor lateral ou revelação do campeonato ou vão torcer pra que o Antônio Carlos Lixo leve a vaga no lugar do Dedé,ou seja hipocrisias rolaram e podem me cobrar!
    E todos nós aguardamos reciprocidade e não aguento mais ter que passar mais 1 ano com esta diretoria ridícula,sendo trepudiado pela a imprensa direta ou indiretamente e aturar jogadores de merda que podem ficar no clube só ferrando com a gente,ótimo texto Pedro!!!
    Pior é ter mta gente achando q esta queda de rendimento ainda é normal e quando se pergunta por aí,o culhão de mtos ninguém tem pra falar sobre e aí fica naquela coisa vazia de "ahh caiu de rendimento porque mandou o treinador ir embora ou blá blá blá" sendo que não tinha culpa só 1 pessoa e não tinha e não tem bode espiatório ali.
    Abraço
    Igor
    meu blog de esportes: http://igoresportes.blogspot.com/ e no twitter quem quiser seguir meu blog é o @blogdoigor05

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  2. Pô, muito bom cara. Apesar de não ser Botafogo imagino e sei do seu sofrimento.
    Se te conforta: "dias melhores virão, só não se sabe quando."

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  3. Guilherme Curi - Parte 15 de dezembro de 2011 às 01:02

    Mais uma vez fomos frustrados com um final de campeonato melancólico depois de alimentarmos esperanças concretíssimas de título. Nessa hora surgem as mais diversas hipóteses pra explicar como que o Botafogo conseguiu ficar de fora da Libertadores.

    A teoria da conspiração da moda é a de que após o jogo contra o Corinthians, uma parte do grupo exigiu da diretoria um aumento do bicho previamente combinado. Loco Abreu e Caio Jr. teriam se manifestado contra isso, o que gerou um racha no grupo.

    Sinceramente, isso não faz sentido tanto quando analisado racionalmente quando pela observação direta da realidade.

    Em primeiro lugar, a queda do time não se deu a partir do jogo contra o Coritnhians. Ela remonta muito claramente àquela atuação pífia contra o Coritiba.

    Em segundo lugar, qualquer um que vá a um treino do Botafogo ou assiste ao Globo Esporte constata que não há nenhuma beligerância séria do grupo contra o Loco. Pelo contrário. O clima é até bom demais pra um time em crise. Todo mundo rindo, brincando, zoando uns com os outros, inclusive com o Loco.

    Em terceiro lugar, em que sentido um suposto "ciúme" ou descontentamento com o Loco resultaria em partidas ridículas do FF, Cortês, MM e Elkeson? Cortês e Elkeson, destaques do campeonato, selecionáveis, observados por olheiros internacionais, de sacanagem começariam a jogar mal só por birra com o Loco ou pra "pressionar" a diretoria por mais bicho? O cara abre mão de ser campeão brasileiro, de ir pra Libertadores, de cair nas graças dos estrangeiros porque o Loco (ou a diretoria) foram contra aumentar o bicho??

    Em quarto lugar, se os jogadores são tão filhos da puta assim, o que explicaria a blindagem que a diretoria fez deles nessa reta final? E se o Caio Jr. era um empecilho, por que o time não voltou a render depois de sua demissão?

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  4. Guilherme Curi - Parte 25 de dezembro de 2011 às 01:02

    Minha hipótese é que não houve um fator único que causou a queda do time. O que aconteceu foi a soma de inúmeros fatores, até que, num ponto crítico, o time se perdeu irremediavelmente. Minha hipótese é inspirada na minha experiência como médico. Uma pessoa pode falecer por um evento único, subitamente (por exemplo, um infarto do miocárdio fulminante, ou um acidente de carro, ou um tiro), mas ela também pode morrer “aos poucos”, por falência múltipla de órgãos: por um motivo qualquer (infecção, por exemplo), o coração entra em insuficiência, o que acarreta a posterior insuficiência dos rins, aí o fígado ou os pulmões também entram em falência, de modo que uma coisa vai se somando a outra até a morte.

    Em suma, o que aconteceu com o Botafogo foi que jogadores-chaves desse time caíram abissalmente de produção, levando a um desequilíbrio que o Caio Jr. não conseguiu remediar.

    No Botafogo bem azeitado, tínhamos uma zaga relativamente pouco exigida, bem protegida pelos volantes, que eram ajudados pela marcação, ainda na saída de bola adversária, pelo Elkeson e pelo Mago. Ofensivamente, tínhamos o Elkeson em grande fase, movimentando-se tanto pelo meio quanto pelos lados (principalmente pelo direito, fazendo jogadas com Lucas e Herrera), chutando de fora da área, cobrando faltas, etc. Tínhamos o Cortês extremamente ofensivo, bagunçando pela esquerda com o Mago, segurando os laterias adversários e criando inúmeras jogadas ofensivas.
    Então, no começo do segundo turno, o Elkeson começou a cair de produção. O próprio admitiu estar 6 quilos mais pesado, o que ele atribui a ganho de massa muscular, embora suspeita-se que seja chope e lasanha mesmo. Ainda pelo bom retrospecto no primeiro turno, chegou à seleção, mas ficou claro que não era mais o mesmo. Estava lento, apático, não se deslocava, não marcava, a pontaria ficou péssima. Isso significa que perdemos nosso principal articulador no ataque, nosso artilheiro, o cara que chutava de fora da área, que cobrava as faltas, que fazia as jogadas de ponta direita e que auxiliava na marcação na saída de bola.

    Por um tempo, a queda do Elkeson não foi tão sentida porque o lado esquerdo funcionava. Só que, depois da convocação pra seleção, o Cortês desapareceu. Ele nunca foi bom na defesa, mas passou a ser nulo no ataque. Isso significa que perdemos as jogadas pela ponta esquerda, o que propiciou a subida dos laterais adversários. O Mago, sem a ajuda do Cortês e do Elkeson, ficou sozinho no combate à saída dos adversários. Nosso volume no ataque diminuiu, enquanto o volume do ataque adversário aumentou.

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  5. Guilherme Curi - Parte 3 (final)5 de dezembro de 2011 às 01:03

    Sem prendermos a bola no ataque, sem darmos combate à saída de bola e com o avanço dos laterias sobre o frágil Cortês, os volantes (principalmente o Marcelo Mattos) e os zagueiros (principalmente o Fábio Ferreira) começaram a sentir os efeitos da pressão dos adversários. A maioria dos gols que tomamos foram em cima do Cortês, do Marcelo Mattos e do Fábio Ferreira. Eles cansaram de dar pixotadas, de ficarem vendidos nas jogadas e darem de bandeja bolas que resultaram em gols e, consequentemente, derrotas.
    Qual a causa de tamanha queda de rendimento do Cortês? Não sei dizer ao certo, mas posso especular várias: ele sentiu a pressão de sair do anonimato para a aclamação num jogo de seleção em menos de 6 meses; sentiu-se na zona de conforto ao ganhar indiscutivelmente a posição, uma vez que os moleques do Marcio Azevedo e do Somália foram banidos pelo Caio Jr.; sentiu-se confortável por ter seu salário multiplicado dezenas de vezes; sentiu-se pressionado por saber estar sendo sondado por clubes estrangeiros; sendo inegavelmente um ótimo jogador, passou a ser estudado e anulado pelos técnicos adversários, que colocavam 2 ou 3 jogadores em cima dele, etc...
    Já o FF e o MM (especialmente o primeiro) são jogadores sabidamente limitados. O MM, ano passado, fez partidas antológicas até se machucar. De lá pra cá ele nunca mais foi aquele cão de guarda implacável. FF, dizem, é um dos que fazem parte do grupo de farristas.
    O Caio Jr. percebeu todos esses fatos e tentou lidar com isso de um modo que não funcionou. Em vez de substituir os jogadores que caíram de produção por outros equivalentes, escolheu reforçar o setor de meio-campo. Convenhamos que era difícil simplesmente sacar o Elkeson, nosso melhor jogador até então. Afinal, o cara poderia decidir um jogo num chute de longe, numa sequência de dribles, num passe preciso, numa falta... Então ele experimentou o Felipe Menezes. Mais pra frente ele entrou com o Léo pra ajudar a zaga e o MM, adiantando o Renato, sacando o inoperante Herrera. Assim como era difícil sacar o Cortês. Pô, o cara era a revelação do campeonato. Não iria queimar o cara substituí-lo por causa de 4 ou 5 partidas ruins? E quem iria entrar no seu lugar? O insosso Éverton? E será que não tinha dedo de empresário no meio, pressionando pela manutenção de certas peças na titularidade?
    Fica mais difícil explicar a manutenção do Fábio Ferreira. O Gustavo – indicação do próprio Caio Jr. – não me parece pior que ele. Talvez o Caio Jr. tenha ficado com medo de ser acusado – como foi – de “mexer demais no time”. Acontece que ele mexeu foi pouco, porque o time realmente PRECISAVA de mudanças!
    É claro que, soma-se a isso eventuais problemas extra-campo. É plausível que um time desacreditado por todos, ao vislumbrar a possibilidade real do título, tenha sucumbido à ansiedade. Não é um time de jogadores experientes e vitoriosos. Só o Renato e o Loco, forçando um pouco a barra, podem ser considerados “tarimbados”. E me decepcionaram nesse aspecto, pois esperava que exercessem o papel de líderes dentro de campo de maneira eficiente, o que não ocorreu. É plausível também que tenha havido algum desentendimento entre alguns jogadores e comissão técnica. Vide as atitudes do Marcio Azevedo e Caio, e a declaração do Caio Jr. de que o Somália não jogaria mais enquanto ele fosse o técnico. Assim como é plausível que tenha havido algum problema envolvendo o pagamento dos bichos. Nada disso isoladamente, porém, foi “a” causa pro fracasso do time. Eventos muito mais prosaicos (e baseados nos fatos, não em especulações) explicam perfeitamente o caso de maneira muito melhor do que teorias da conspiração puramente especulativas que não resistem à uma análise mais cuidadosa.

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