sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A sorte sorriu

A humilhante derrota por 5 a 0 diante do Coritiba e o empate morno com o Flamengo deram uma freada na empolgação do time e da torcida, que era enorme depois da expressiva vitória sobre o Ceará, num Engenhão lotado. Por um lado, isso era até importante. Esses resultados serviram pra colocarmos a cabeça no lugar e voltar àquele espírito que nos levava ao topo. Cabeça erguida, concentração e a rodada 25 pela frente.

Olhando os jogos, a apreensão aumentava. Todos os concorrentes do bolo de cima pegariam adversários não tão complicados, enquanto nós visitaríamos o Grêmio no Olímpico, cenário no qual não vencíamos desde 1995, ano do nosso último título nacional. Na primeira noite de rodada, apenas o Fluminense fez o dever de casa, enquanto Flamengo tropeçou no Galo (valeu, freguês!), Figueirense segurou o Inter, e São Paulo e Corinthians empataram entre si.

A quinta-feira chegou trazendo um friozinho estranho na barriga. Confesso que estava bastante descrente da vitória, seja por nossa postura fora de casa, pelo tabu no Olímpico, ou mesmo pelo momento de ascenção do Grêmio, que sempre é forte no Sul. Horas antes da partida, ainda em sala de aula, ouço a conversa de um professor, flamenguista fanático, e um colega de faculdade, botafoguense: "É jogo difícil, mas vocês têm o Loco. Ele joga, né?". Sorri, desconfiado.

Mal sabia eu que essa frase faria muito sentido algumas horas mais tarde. Parece clichê, mas é a grande verdade: quando TODO MUNDO desconfia, descrê, desacredita, o Botafogo surpreende. Mesmo assim, algo me fez ir em frente, matar a aula seguinte e correr pra casa. "Ser Botafogo é insistir e crer onde os fracos desistem", disse Arthur da Távola. E assim somos. Enfim, enxuguemos as lágrimas e vamos ao jogo.

Engana-se quem olha o resultado e pensa: "finalmente o Botafogo se impôs jogando fora de casa!". Quem dera, amigos. O que vimos, durante todo o primeiro tempo, foi o velho Botafogo visitante. Sem ousadia, sem criatividade e totalmente inseguro lá atrás. Ah, se não fosse o Jéfferson! Nosso homem de gelo pegou tudo, além de o Grêmio ter errado tudo o que o Coritiba acertou semana passada. Intervalo pra xingar todo mundo, respirar e voltar pra segunda etapa.


Incrivelmente, resolvi não xingar o Caio Júnior por suas substituições, mesmo percebendo que Alessandro estaria em campo e isso poderia nos custar a vitória. Felipe Menezes também entrou pra aumentar o sono do meio-campo. Saíram Lucas e Herrera, ambos com cartão. Como esperado, nada mudou, apesar de pequenos lampejos de ousadia, quase todos de Maicosuel.

Em meio a muitos ataques do Grêmio e milagres de Jéfferson, a sorte resolveu sorrir pra nós. Bela jogada de Maicosuel, que foi inteligente e rolou na hora certa pro Loco Abreu. Ah, o Loco Abreu.. Quando dominou, eu já comemorava. Bola na rede e lágrima no rosto. "Como é bom ter um ídolo", pensei eu. Cada novo gol importantíssimo do nosso uruguaio me faz sentir isso como se fosse o primeiro. Obrigado, Loco!

Mesmo pedindo pra tomar gol e desperdiçando vários contra-ataques - o que rendeu um verdadeiro esporro de Abreu ao fim do jogo -, o time conseguiu segurar o placar até o final. Vitória com muita sorte, que não vai aparecer sempre. Por isso, é necessário que o time conserte pra ontem os erros de sempre. Quem quer ser campeão não pode dar só três chutes a gol e levar mais de vinte. O meio-campo precisa acordar e armar. A zaga precisa se arrumar, não é mesmo, Fábio Ferreira?

A sorte ainda mandou um último recado, através do empate do líder Vasco com o mediano Atlético-GO: "hoje eu faço minha parte, mas amanhã é com vocês". Domingo é dia de mais uma decisão. A próxima rodada promete ser decisiva, e se fizermos nossa parte, a coisa pode ficar muito boa. Mas isso fica pro próximo post..

Saudações!

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