quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Limite

Aqui estou eu, com lágrimas nos olhos, ao fim de mais uma rodada. E podem zoar com o álibi da mídia, o 'chororô', pouco me importo - nada me dá mais vergonha e tristeza do que a atual situação do Botafogo. Está tudo errado, e creio que toda a torcida já tenha percebido isso. Não é preciso entender muito de futebol pra ver que nossa zaga é uma porcaria e nosso ataque não existe. E o pior: não existe porque a diretoria resolveu vender/emprestar/dispensar todos os atacantes e, não satisfeita, realizar o sonho do pífio e revoltante Oswaldo de Oliveira em contar com seu amiguinho japonês, Rafael Marques.

Mas não era só a derrota em casa para um time já de férias que me deixaria tão triste - desgraça pouca pra botafoguense é bobagem, sempre. Nosso sofrimento é sempre maximizado pelas circunstâncias. É sempre mais sofrido, mais dolorido, mais arrasador. O time toma um a zero, empata, dá esperanças, recompõe as energias, traz a torcida de novo e.... toma outro gol. Fim de jogo e aquela frustração com a qual nos habituamos nos últimos 12 anos. O Botafogo ficou no Século XX e deixou a torcida seguir na frente junto da angústia, do desespero e da preocupação com a tamanha falta de ambição do clube.

Volto a televisão pra Globo e me deparo com os minutos finais de Figueirense e flamengo - com letra minúscula, mesmo, porque essa praga não merecia nem estar aqui. Vejo, então, Loco Abreu. O único ídolo recente depois de Túlio Maravilha, jogando o Brasileirão com a camisa de um time pequeno, simplesmente porque "não se encaixava no esquema do técnico". Agora o esquema do técnico está perfeito: sem atacantes, sem gols, sem vitórias, sem Libertadores... mas com Rafael Marques. Loco jogava bem. Deu caneta, chutou a gol, correu. Mas não foi isso que chamou atenção.



Escanteio pro Figueirense, ele corre pra bater. A molambada presente em Santa Catarina xingava o camisa 13. Eis que o inusitado, prazeroso e ao mesmo tempo revoltante, acontece: Abreu levanta a camisa do Figueirense, mostra a sua velha conhecida camisa azul, beija o escudo do Botafogo e faz gestos pra torcida. Isso justifica as lágrimas que citei no início do texto. Está tudo errado. Quem era pra ficar saiu, quem era pra chegar não veio e quem entrou nunca deveria ter aparecido. A diretoria encontrou em Oswaldo um grande aliado para terminar a destruição do clube. E o Seedorf que me desculpe, mas a contratação dele não chega nem perto de compensar as frequentes cagadas de um grupo de amadores que se juntou pra comandar um gigante.

O estrago é grande. Não sei o que falar. Não sei o que fazer. O Botafogo de 2012 já está longe demais do Botafogo de 89, de 93, de 95, de 97, de 98... longe demais. Uns acham exagero, eu prefiro enxergar a realidade. Nossa briga não é mais pelo Brasileirão 2012, ou pela Libertadores 2013, e sim uma briga pra voltar a ser o Botafogo. E nesse jogo, temos como adversário o próprio Botafogo, comandado por uma diretoria amadora, que não pensa no clube e sequer conhece o seu tamanho. Estamos perdidos. Estamos no limite.

Um comentário:

  1. Pedro,
    Você conseguiu traduzir em palavras todo o sentimento de uma grande parte da torcida! Infelizmente outra parte da torcida apoia tudo isso que os atuais dirigentes nos faz passar.

    Abs e Sds, Botafoguenses!!!

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