Antes mesmo do fim do campeonato, mais uma vez, o ano já chegou ao fim pro Botafogo. Mesmo tendo um clássico contra o Flamengo a ser disputado na última rodada, o Alvinegro não almeja mais nada há algum tempo. Retrato que se repete exaustivamente ao longo dos últimos muitos anos, sem que isso seja usado como lição para aprendizados futuros.
Em 2013, nosso último título de expressão atinge a maioridade. Dessa forma, faltando apenas mais um aninho para nossa última ida à Libertadores também chegar lá. Anos e anos de erros, frustrações, vexames, eliminações precoces, campanhas inversamente proporcionais à nossa grandeza, planejamento inexistente.. e todos apenas observam.
Acatamos o fato de não podermos pintar "nosso" estádio com as cores do clube por questões contratuais, pra logo depois amanhecer com parte dos assentos pintada com as cores de uma cervejaria. Ouvimos que preferiam "trazer um cara que resolvesse a trazer três cabeças de bagre", e vimos o clube contratar Amaral, Victor Júnior, Rafael Marques, Brinner, Lennon e muitos outros, enquanto a equipe agonizava sem um atacante durante quase todo o campeonato.
Visando a próxima temporada, o "planejamento" já começou. O Botafogo, que vai finalmente mandar o incompetente e amador Anderson Barros pra rua após repetir erros por quatro anos, não vai trazer outro pra seu lugar. Quem sabe, se o clube não tiver um "homem-forte", a torcida não fica sem saber quem culpar diretamente pelos novos fracassos?
Oswaldo, tratado internamente como o novo Guardiola, tem sua renovação encaminhada. Seu saldo neste ano foi um vice no Campeonato Carioca perdendo as duas partidas finais num agregado de 5-1; uma eliminação precoce na Copa do Brasil, em casa, diante de um time da Série B; uma queda na Sul Americana diante de um time que já conquistara sua vaga na Libertadores, além de estar focado na luta contra o rebaixamento - o que não conseguiu evitar; campanha figurativa no Campeonato Brasileiro, após dispensar meia dúzia de atacantes e indicar todos os seus amigos brasileiros que jogavam no Japão - incluindo o Samurai sem-gols Rafael Marques.
Animador, não? Um treinador que chegou falando em vencer e acumulou vexames durante toda uma temporada é exatamente o que precisamos para enfrentar o peso de 18 anos sem títulos. O presidentista Maurício Omissão aponta um elenco de qualidade, mesmo tendo descoberto Bruno Mendes, nosso único atacante, nas rodadas finais, além de assistir à fácil titularidade instantânea do garoto Dória, de 17 anos, na zaga.
A temporada foi 100% desastrosa? Não, de forma alguma. O ponto alto foi, certamente, a chegada de Seedorf, que vem afetando o clube com seu espírito vencedor, do porteiro ao mais alto diretor - meu medo é isso acabar incomodando os intocáveis acomodados que habitam General Severiano. Outro acerto foi a valorização da base, que permitiu um espaço para talentos como Dória, Gabriel, Jádson e Cidinho. Mas esses pequenos acertos não são nada perto do que precisamos.
O que se aproveita de 2012 não chega nem aos pés do que precisa um gigante adormecido que vê seus rivais crescendo - até mesmo o antigamente minúsculo Fluminense, hoje bicampeão nacional em três anos. E não me venham lamentar o fator Unimed. Cabe ao Botafogo otimizar seus recursos para equiparar as forças. É difícil? Sim, bastante. Mas o inaceitável é caminhar no sentido oposto. O clube joga o pouco recurso que tem no lixo ao apostar no vazio dos últimos 18 anos.